Ludmila Ferber no Faustão!
Domingo passado, Ludmila Ferber e Fabio de Melo, o padre sem batina, estiveram juntos no Domingão do Faustão. Em comum, os dois religiosos compartilham uma teologia rasa, moderninha e adocicada, que em muito pouco representa os distintivos dogmáticos de suas confissões de fé.
A falta de conteúdo, e o desejo de diluir a Mensagem, pode ser comprovada assistindo ao momento de "perguntas e respostas" encenado pelos dois.
Uma das respostas, dada por Ludimila Ferber, me chamou a atenção. Quando questionada sobre o relacionamento dos líderes envagélicos com o dinheiro, Ludimila respondeu jamais cobra para ministrar louvo em Igrejas, e que são os líderes locais que, livremente, podem oferecer um oferta voluntária a ela, depois de cada apresentação.
Longe de mim questionar a veracidade de tal afirmação, até porque nunca tive contato com a pastora-artista, nem conheço alguém que já a tenha convidado para algum evento; todavia, sua resposta não condiz com a maioria dos famosos 'gospi' com os quais já tive contato.Acreditem, a maioria dos famosos que você toca em seu DVD, cobram cachês altíssimos para cantar em Igrejas. Sim, eles pedem uma "oferta", que não sendo paga, não tem "ministração".
Pensando na resposta de Ludmila, resolvi republicar um texto de nosso antigo servidor:
Esta noite tive um sonho, que jamais vou esquecer: estava em terra bem distante, pastos verdejantes, sob um céu azul. Nesta terra havia um santo, homem que fazia o bem; assisti a suas curas em Jerusalém. Eram homens e mulheres, que prostravam-se no chão, e faziam qualquer coisa, para tocar em suas mãos. Quem tocava em suas vestes, já sentia sua luz – pois sabiam, que seu nome era Jesus! 1
E este mesmo Jesus era aclamado pelas multidões como “profeta Jesus, de Nazaré da Galileia” 2. E o profeta Jesus, o Filho de Deus, ao entrar em Jerusalém, seguido de perto pelas multidões, dirigiu-se ao Templo de Salomão, centro da Religião Judaica. E entrando Jesus no Templo, encontrou os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados. Assim, confeccionou uma espécie de chicote de cordas, e expulsou todos para fora do Templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas.
Um historiador primitivo relata sobre Jesus der tido naquele dia:
- Está escrito: a minha casa será chamada “casa de oração”; todavia, vocês a transformaram num covil de salteadores (Mateus 21.13).
Qual o motivo da revolta de Jesus? Não é verdade que, aparentemente, aqueles homens estavam fazendo o bem, e promovendo algo útil a Religião Judaica, instituída pelo próprio Deus? Senão, vejamos:
- Eles vendiam “bois”, “ovelhas” e “pombos”. Tudo isso era necessário para as grandes multidões que subiam ao Templo para sacrificarem ao Senhor.
- Havia entre eles também cambistas. Estes também eram necessários, pois gente vinda de todas as partes do mundo, precisavam de alguém que intermediasse na conversão de moedas, e coisas do tipo.
- Além disso, digno de nota que tal coméricio estava sendo feito na área reservada aos gentios 3, e não dentro do Templo propriamente dito. Mesmo assim, a fúria de Deus se ascendeu contra eles naquele dia. Qual a razão?
A razão, meu queridos irmãos, é muito simples: a religião, apesar de manter uma aparencia externa de bem, havia se transformado em coméricio, em paganismo. Os vendedores não estavam ali para servir o povo em alguma necessidade, antes, para venderem e lucrarem. E os compradores, em sua maioria, não estavam ali para simplesmente adorarem a Deus com seus sacrifícios: queriam apenas cumprir um ritual religioso, pelo qual pagavam o que os comerciantes pediam. Por isso, Jesus expulsa ambos do Templo: “expulsou todos os que ali vendiam e compravam” (Mateus 21.12).
Não é de hoje que o dinheiro se coloca na raiz da maioria dos problemas que a Igreja de Jesus tem enfrentado ao longo dos séculos. Alguns criticos da fé cristã, inclusive, tentam usar isso para denegrir o Evangelho de Cristo; todavia, são tolos que não percebem que tais problemas já foram previstos na própria Escritura, e portanto, antes de testemunharem contra a a inspiração divina das Boas Novas, eles a confirmam;
Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja fonte de lucro…! – I Timóteo 6. 3-5.
A a religião da piedade não pode ser fonte de lucro. O Evangelho é o anúncio da Graça. O contrário disso, além de ser ilegal, segundo a Legislação Brasileira, é também anti-biblico. O máximo que o Novo Testamento pode autorizar é o necessário para o sustento do obreiro, conforme lemos em I Timóteo 5. 17,18. Além disso, Paulo também afirma que“assim também ordenou o Senhor aos que anunciam o Evangelho: que vivam o Evangelho” (I Coríntios 9.4).
Este claro mandamento do Senhor, tem sido usado como desculpa para aqueles que fazem da religião cristã, sua fonte de lucro – e que lucro! Os que assim procedem, usam não apenas uma hermenêutica pobre, como também de má fé.
Cena 01:
- Pastor Marcelo; posso falar um minuto com você, em particular?
- Pois não…
- Olha… tenho notado que as pessoas confiam muito no que o irmão diz, e isso é bom… No curso de obreiro que eu fiz na Igreja do Missionário XXXX, aprendi que agente precisa ensinar o povo a ofertar. Quanto o irmão recebe por mês da congregação?
- Não recebo…
- Pastor, a Bíblia diz que o obreiro é digno do seu salário, amém? Quantos membros tem esta Igreja?
- Perto de uns quarenta…
- Pois bem, se nós iniciarmos uma campanha, e o irmão incentivar o povo a trazer, toda semana, o valor X dentro do envelope; em um mês a Igreja terá arrecardado o valor Y… Assim, você pagaria as despesas da Igreja, e ainda sobraria X para o irmão, e uma porcentagem Y, para mim, como pregador dos cultos. Não seria uma benção?
- Não, meu querido Pastor W, isto seria uma maldição!
Cena 2:
Josenildo, filho de Josenildo Mor, pastor presidente das Assembléias de Deus, no campo de… Ele esta sentado na sala de estar de sua luxuosa cobertura. Por uma das portas laterais, começam a entrar vários jovens bem vestidos. Todos eles são modelos. E todos eles trajam caríssimos ternos da Hugo Boss…
- Este eu quero… Este eu não gostei…Vocês poderiam pedir para o modelo n° 3 desfilar novamente, achei aquele terno interessante, mas ainda não me decidi…
.Cada terno custa… A profissão de Josenildo? Ministro de Louvor…
Cena 3
- Escritório da Cantora Pentecostal Zázá, em que posso lhe ajudar?
- Oi, eu sou o Pastor João, da Assembléia de Deus em Minas Gerais… Como faço para ter a irmã Zázá, em nosso congresso de Jovens?
- Meu querido, é tudo muito simples – estamos aqui para servir ao Corpo de Cristo. Olha… A Igreja do irmão tem fax?… Me dê o telefone, que daqui a pouco eu lhe mando tudo que é necessario, ok?
- Tá bom… O telefone da nossa Igreja é… Mas, irmã secretária da Zázá, nós somos uma Igreja simples…
- Não se preocupe com isso, querido pastor. Assim como o irmão, a Zázá é uma cristã pentecostal; ela vai lhe enviar as condições mais favoráveis possíveis, amém?
- Ufa!… Amém!
Duas horas depois… Com uma folha de fax em mãos, Pastor João se assusta:
“Querido Pastor João; estamos dispostos a abençoar a sua Igreja. Para confirmar nossa presença no evento, favor depositar em nossa conta o valor de R$ 5.000,00. Além disso, pedimos a gentileza do irmão depositar também o valor das passagens aereas, na primeira classe. E com a sua Igreja é em Belo Horizonte, e sendo o Hotel Ouro Minas um dos mais conceituados da região, tendo inclusive hospedado a Seleção Brasileira algumas vezes, solicitamos ainda o favor de resevervar um quarto para a nossa queria irmã Zázá…”.
Infelizmente, o dinheiro tem sido o pivô de muitos problemas para a Igreja. Ontem e hoje. Por isso, aconselhando o jovem obreiro, Timóteo, o apostolo dos gentios escreveu:
Nada trouxe para este mundo, e nada podemos levar; tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes. Mas, aqueles que desejam tornars-e ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupciencias loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição! Porque o amor ao dinheiro, é a raiz de todos os males; e nessa cobiça, alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores! – I Timóteo 6. 7-10.
E, então, Paulo diz a seu jovem discipulo: “Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Peleja a boa peleja da fé, apodera-te da vida eterna, para a qual foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas” (I Timóteo 6. 11,12).
Dada a clareza do ensino Bíblico sobre tais questões, não consigo evitar questionar o tamanho da cegueira que atinge as pessoas, mesmo aquelas que se dizem cristãs. Uma vez que o próprio Evangelho regulamenta a forma da Igreja captar e investir o dinheiro do povo de Deus, como as pessoas conseguem se submterem, com tanto gosto, aos desmandos dos mercadores da fé?
Como alguém aceita pagar a outrém pelo favor divino, se o próprio Cristo estabeleceu que “de graça recebestes, de graça daí” (Mateus 10.8). Teria Cristo mudado de opinião, e autorizado que os ministros do Evangelho, passassem a ostentar riquezas e luxos, os quais, a maioria de suas ovelhas, não consegue sequer imaginar???!!
O lobos devoradores que infestam a Igreja Brasileira, precisariam procurar uma profissão honesta, como qualquer brasileito comum, caso as pessoas soubessem em que a Igreja Primitiva investia o dinheiro que os cristãos ofertavam a Deus. Apenas alguns exemplos, os quais nem precisamos comentar, dada a incrível eloquencia dos mesmos;
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.”(1 Coríntios 16:1-2).
“Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.” (Atos 4:34-35).
“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7).
Não havia obrigações financeiras. Não existim votos, fogueiras santas, desafios, alvos milaborantes, chantagens… A contribuição era voluntária, motivada pelo amor! Também não existiam preguiçosos mantidos com o dinheito que outros lutaram para ganhar: havia partilha, de tal forma, que nenhum deles passava por necessidades!
Cena 4:
- Pastor Marcelo, tenho uma notíca que irá alegrá-lo!
- Você ganhou na Loteria!!
- Nada disso: entrei para o Seminário!
- Puxa vida! Até que enfin, hein? Pensou melhor nas coisas que lhe falei?
- Hummm…. Pensei… Mas, Pastor Fulano me aconselhou a entrar, pois tendo o Seminário poderei pregar nos congressos do Pastor Sicrano. Entendeu?
- Não, não entendi nada…
- Veja bem: hoje eu ganho entre R$ 50,00 a R$ 200,00, por uma pregação. Se eu conseguir pregar nos congressos do Pastor Sicrano, no mínimo, uma pregação minha vai passar a valer algo em torno de R$ 1.000,00…
- Hummm… Agora eu entendi. Você, meu velho conhecido, decidiu entrar para o ramo dos mercadores da fé!
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Referências:
1) “Um Sonho Com Jesus”; Kalebe; Album “As 20 Melhores – Volume 3”;
2) São Mateus; Capitulo 21, com detalhes extraídos da “primeira purificação do templo”, registrada em S. João; Capítulo 2.
3) Conferir: John Gill; Matthew Henry, etc.
Visto no blog Olhar Reformado
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